quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Santa Irene

Como donzela à espera do seu príncipe encantado.

Abre suas pernas, seus braços, o coração,

só não abre os olhos.

Entrega-se inteira aos seus vários amantes,

sem nenhum pudor.

Deixa-se levar pelas promessas fáceis,

pelos elogios tolos,

pelas conversas ao pé do ouvido

que a enchem de orgulho e esperança.

Só não percebe que envelhece,

e sua beleza se vai...

Com os maus tratos, com os abusos,

com o abandono,

com a disputa insana de seus amantes

em querer possuí-la e escraviza-la.

Nem os rios que lavam sua alma ficam impunes.

E ela permanece impávida,

aumentando suas cicatrizes,

suas fendas, seu martírio,

na vã esperança do seu libertador.

Santa Irene,

meu amor.

Lumar(28/01/10)

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