segunda-feira, 31 de maio de 2010

E?

Vá lá,
já cansei de procurar a bolsa que esqueceste ontem na minha casa.
Vá lá,
que eu não te quero mais aqui.
Vá e não olhe pra trás,
estátuas de sal estão a tua espera.
E o que te espera?
Retratos na parede,
bilhetes na porta,
sorrisos amarelos,
minha vida em convulsão?
Vá, a confusão que criaste
fez com que tudo que eu sentia pela manhã
se espalhasse pela casa.
E por mais que procures
eu não sou mais aquele retrato
que escondestes atrás da porta.
O tempo fez com que o
nosso amor ficasse amarelo.
Já nem sei mais das torrentes,
das correntes em meu pescoço,
do espaço entre a dor e o amor.
Já nem sei mais se tenho
a sorte de te possuir.
Já nem sei o norte,
das dores, os odores, os quereres,
o existir.....
Vá,
não olhe nunca as pegadas,
as marcas, as cores,
as horas que sonhamos,
as terras que marcamos,
o som que rimou,
o sol, a lua, a chuva,
tudo que iluminou.
Vá, e no dia que resolveres voltar,
eu não estarei mais aqui.

Marquinho Mota e Lumar

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