quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Náufrago
ditas, escritas, rasgadas,
que minha vida ficou um texto inacabado.
Perdi o instante do sentir e expressar.
Perdi o momento da explosão.
Foram tantos passos,
em frente, em busca, ao redor,
que desequilibrei na hora do aportar.
Perdi a conexão do vôo.
Perdi a comunicação do olhar.
Foram tantos "nãos" repetidos,
que o sim também se fez não
no momento preciso.
Perdi o mistério dos teus olhos.
Afundei na magia do mar.
Naufraguei de tanto amar.
Lumar (24/02/11)
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Essência
voar no céu da tua boca e,
adormecer entre teus braços.
De fato, me refaço em ti.
Lumar(29/03/11)
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Portal
Ao som de um violão uruguaio,
à beira do Tapajós revolto.
Mil tons no céu que me leva,
azuis, rosas, escarlates, gris.
Grito em nome de um amor que não vibra,
sangro em nome de uma vida que não vem,
cruzou o portal de luz em busca da infinitude.
Lumar(02/02/11)
Palco vazio
Jogo de sombras,
baile de máscaras,
cartas jogadas no chão.
Passos incertos na direção contrária ao desejo.
Razão inversa de querência e poder.
Teatro sem cortinas,
sem palco, sem seda
enredo perdido na ganância do ser.
Hipocrisia estampada em bandeira,
tribos perdidas, sem tipos nem fatos,
estranhos em busca do mesmo poder.
Lumar
Ocaso
Depois da tempestade,
o cheiro de maresia.
Calmaria no grande rio.
A vida pulsa,
em profusão de peixes,
aves e cheiros.
O céu com uma cor indefinida,
mas tão lindo e profundo,
com encantos da magia do anoitecer.
E o vento cantando seu canto de jubarte,
Mostra a solidão do ser.
Lumar (18/01/11)
Partida
Nesta tarde sombria de chuva parca,
embriago-me da tua essência .
Perpetuo teu olhar,
tuas palavras, teu meio sorriso,
teu medo de se revelar.
Perpetuo para que não te deixes morrer.
Espero que te salves, que te gostes,
Que renasça pela luz da lua amazônica.
Espero que te faças pelo poder do chá,
que recomeces pelo prazer de perpetuar.
Imploro, não te vás.
Lumar (20/01/11)
O Dia que Não Deveria ter Nascido.
O ar é denso em minhas narinas,
a luz queima minhas retinas
e a saudade que eu sinto do tempo que nunca existiu
doi tanto na minha carne,
como aquele dia que não deveria ter nascido.
Tem dia em que a única diferença entre viver e morrer
é só o verbo.
Verbo que não se fez carne.
Um verbo que virou verba.
Um verbo que reverbera com tanta dor
que doi tanto como aquele dia que não deveria ter nascido.
E neste dia que não deveria ter nascido
você descobre queo gênio da lâmpada
é tão possessivo
quanto uma tomada de decisão,
em 110 ou 220, tanto faz,
por que esse dia tá foda mano.
Marquinho Mota