terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Epitáfio

Morri...
Por acaso, quase sem querer, sem alardes.
Fechei os olhos e fui...
Sem rastros, sem deixar saudades,
Sem lembranças, sem choro, sem ais.
Simplesmente morri....
Tão natural como a noite depois do dia
e tão rápido como a lágrima a secar no rosto.
Que sirva de banquete para os micróbios,
adubo para as plantas
e estórias para crianças.
Morri....
E aqui jaz uma pessoa que saiu à francesa.

Lumar ( 27/01/09)

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Pra que palavras?

Que palavra seria o som de nossos pés descalços,
na areia escaldante, na areia movediça, na areia fina que vai com o vento?
Que palavra explicaria o silêncio de nossas bocas,
o entrelaçar de nossos corpos,
e o abismo entre eles?
Que palavra definiria o brilho dos seus olhos,
o seu perfume, o seu sorriso?
Que palavra seria dita no encontro depois da longa caminhada?
Palavras articuladas... palavras escritas... palavras...
Quase tudo se perde em palavras mal ditas.
Então, pra que palavras?

Lumar (16/01/09)

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Mangueirosa

Frondosa e extravagantemente verde
Contrastando com o azul intenso do céu.
Seus brincos pendurados,
Que bailam e brincam ao vento;
Antes que fiquem maduros
E se tornem banquete da orquestra de periquitos.

Lumar(14/01/09)

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Ainda resta um gosto de asco,
Ainda resta o gosto de nicotina dos teus dentes,
Ainda resta um pedaço de carne debaixo da tua unha,
Ainda resta a mancha do meu último vômito no teu banheiro.

Dobre a terça e talvez dê a nota
Quarta, quinta e sexta..... mas sempre há volta.
Duas noites, nenhum sono...
48 anos, nenhum sonho.....

A confusa sensação de esperança desfeita parece me rondar,
E por mais que eu a queira longe, ela sempre há de voltar...
Uma vida de adolescente vivida tardiamente,
Com um amor comprado numa esquina próxima,
Livre de neuras.... Cheio de álcool.

Lucius Oliveira
Em caso de dor:
bolsa de água quente,
chá, carinho, aguardente.
Passe em frente, sorria,
arranque o dente.
Esqueça o cotovelo,
vá ao oculista, cabeleleiro,
cartomante, vidente.
Tome calmante, revigorante,
passe gelo.
Respire fundo, vá fundo,
respeite.
Tente acupuntura, ioga, massagem,
relaxamento.
Hipnose, regressão, oração...
Se nada disso der certo,
Contente - se...
Você está vivo!!!!

Lumar (09/01/09)

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

E

Quando você se foi,
O céu da minha boca nublou,
A menina dos meus olhos envelheceu,
E eu.... virei ostra.

Lumar(08/01/09)

O pulo da gata

Poesia de uma amiga/irmã maravilhosa.



Estou no sexto ciclo da vida.
De sete em sete dou um salto
E me debruço na janela escancarada pro mundo
Que lambe a minha cara
E despe minha alma com despudor efervescente.
Da sacada vejo os rios que transbordam a volúpia do encontro.
Denso, passageiro, eterno.
Os sorrisos que passam desconhecem a minha sorte
E o sol que desponta no horizonte de desejos
Traz o teu olhar como presente.
Nada desperdiço....
É.... eu tenho sorte, tudo em mim é pulsação, é movimento.
E é no teu sossego
Que me espreguiço...

Andréa Imbiriba.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Quero ser pra você:
Uma manhã ensolarada,
Crianças brincando na praia,
Risos, música, poesia.
Uma noite enluarada de amor,
Cítaras, bandolins, violões,
Explosão de cores e sons.
Uma dose de Absinto ,
Uma cachaça mineira da boa,
Um passo para alçar vôo.
Quero ter de você:
Um olhar lânguido e furtivo,
Um beijo roubado e molhado,
Seu corpo tatuado no meu.
Um querer com gosto de amor,
Um voltar sempre,
Um nem sei quê de contentamento,
Um carinho, um amasso, seu sabor.
Seu sorriso depois do gozo,
Suas mãos estendidas em socorro,
Seu destino traçado no meu.

Lumar(06/01/09)

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O TEU SOM.

Teu gemido em meus ouvidos
Soa como o canto da ave do paraiso,
Soa como o vento do norte,
Como tudo o que dá sorte.

Teu gemido em nosso quarto
Ocupa os espaços deixados
Pela solidão.

Teu gemido em minha boca
Me revela a força que tem o teu gozo.

O teu gemido me faz lembrar que...
Eu só sei fazer amor com você.

Marquinho Mota.