quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Penumbra


Noite em meu peito
noite em volta
e dentro de mim.

Noite sem estrelas,
noite sem partida
e sem ti.

Noite de mistérios e medos,
tempo sem fim e sem começo,
parco espaço,
um arremedo do tempo
em que eu vivia só pra ti

Lumar e Marquinho Mota

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Um dia colorido, de sol luzindo,
um dia infindo guardado na memória.
Um dia sem prumo, só correndo riscos,
no inside direto de todos os sonhos.
Um dia, em busca dos traços inclusos
na margem esquerda dos teus olhos fundos.
Um dia que não queria morrer,
um dia bom pra se fazer eterno.
Lumar(30/08/12)

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Falsa bailarina

Perdeu-se no tom, no tempo,
no som da vitrola do cabaré.
Perdeu-se na mágica barata,
na hipnose do atirador de facas,
na contradança da bailarina do tal café.
Perdeu-se nas cores da tela de Picasso,
nas palavras de Amado,
nas músicas de Tom Zé.
Perdeu-se na embriaguez da madrugada,
entre a fumaça que da boca escapa,
entre todos os seus amores vãos.
Perdeu-se assim, no vai da valsa,
na noite escura de lua nua,
naquela saudade de não viver.

Lumar ( 14/08/12)

sábado, 2 de junho de 2012

Amanhecer

Os amanhãs não são iguais a nada!
Ao todo, ao tudo, ao toldo que
te acompanha no teu dia a dia.
Deslizam palavras num espaço branco,
diante da visão em preto e branco no meu quarto escuro.
Deslizam sons na soturna noite,
sem pensamentos esparsos ou espaços sem medo.
Deslizam manhãs num arco-íris sem fundo.
Deslizam milhões de pétalas num redemoinho confuso.
Divago ao todo, ao tudo, à soldo.
Desmancho ao toque estranho do existir.

Marquinho Mota e Lumar.
Agora é muito tarde para tentar
perceber qualquer coisa.
Agora é muito tarde!

Tarde demais porque no mais,
o cedo não cede as pressões
que o tempo impõe sobre os viventes.

Não cede as pressões de nós... sobreviventes.

E sobre viventes e morrentes, te digo:
Que agora é muito tarde
para tentar perceber qualquer coisa.

Marquinho Mota

Empreste

Faça um empréstimo para mudar sua vida.
Empreste um pouco de sabedoria de uma criança etíope.
Peça licença, e pegue uma porção de solidariedade das mãos de um indígena,
junte aquele bocado de sensibilidade que
recebestes de uma das "mães da Plaza de Maio".
Misture o amor que brota espontaneamente do sorriso de um griô.
Deixe a porção apurar por um breve pedaço de tempo...
E depois, devolva tudo em dobro para o planeta.
A existência agradece!

Marquinho Mota

Grande rio grande

O Tapajós faminto, lívido, insolente,
no momento solene de engolir a Tapajós.
Os barcos no mesmo nível dos carros,
o passar devagar das rabetas,
linha tênue do transbordar,
na mesma linha do transpor,
de se impor no terreno alheio....
E esse rio sem rumo,
e nós no rumo, sem remo.
Poder das águas, lavando as ruas,
lambendo os pés, levando as tralhas.
Rio que revela o brilho da lua,
das estranhas luas de Lucia Flor de Lis.

Lumar e Marquinho 


quinta-feira, 3 de maio de 2012

Gatilho

Nem sei como sobrevivi ao tiroteio.
Passe de mágica ou talvez, medo.
Só sei que meus pedaços ficaram grudados no parapeito.
Milhares de sonhos se desfazendo.
Nem sei no que me transformei.
Só sei que meu sorriso ficou tosco
e eu mofei.
Lumar(19/04/12)

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Perdida em mil pensamentos,
saboreando o gosto do último beijo,
mergulhada no imaginário do amor maior.
De repente, o vácuo, o tombo, o escuro.
De repente....
Flechas cortando o espaço,
raios sem trovão,
choque sem eletricidade,
uivos sem lobos,
medo, espanto, confusão.
O corpo inerte por segundos,
cheiro de morte se avizinha,
frio enrijecendo os músculos.
A água lavando o pranto,
solidão estreitando,
pedaços de vida em preto e branco.
Mais um passo adiante, mais um suspiro,talvez.
No meio de tudo, ainda resta uma luz ínfima.
Em meio ao caos, uma flor desponta.
Sim, ainda há vida.
O viver é latente,
esperar é possível,
sonhar é fundamental.
Estar atenta aos sinais, sempre.
A morte, única certeza e ponto final.

Lumar (11/04/12)

quinta-feira, 15 de março de 2012

Metade de um bolero

" Que queres tu de mim?"
diz o bolero que toca
no boteco a beira mar.
Na mesa, o copo pela metade....
metade de cerveja, metade de angústia,
metade de buscas, metade de estar.
E me pergunto: que quero eu de mim?
Desfilo no ar minhas loucuras,
minhas atitudes nefastas,
minhas impressões imediatas
do complicado mosaico do viver.
A vida sendo embalada por boleros....
A boca costurada por arames de medo,
os olhos encharcados de lágrimas vermelhas,
as mãos pousadas, os braços cruzados
atitude de resistência a razão.
E tudo que quero é me permitir a liberdade...
Soltar no ar a música suave do vento,
do mar batendo nas pedras, do canto do sabiá.
Soltar gargalhadas de contentamento,
gesticular a dança do tempo,
sorrir com o olhar.
"Que queres tu de mim?"
Não me interessa mais...
Segue teu caminho, me deixa seguir em paz.
Jaz.

Lumar (15/03/12)

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Socorro

Como eu comeria Socorro se ela me desse,
Como lhe chuparia se minha boca fosse suficiente.
Como eu queria Socorro me dando socorro e chupando meu pau.
Como queria Socorro virando bicho comigo.

Como seria diferente, se Socorro não fosse crente.

Marquinho Mota

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Língua insana

Minha língua feito lamina
em teu pomo de Adão,
na linha da vida,
te fazendo morrer de tesão.
Minha língua feito pluma,
pousando em teu corpo,
voando por todos os ângulos,
te fazendo servo do meu voar.
Minha língua feito arma,
cheia de munição e idéias,
ferindo, limpando, sorvendo,
fazendo do nosso momento,
flashes, espaço de instante e tempo.
Minha língua feito seta,
tesa, incerta,
cessa na tua língua,
baila na tua boca,
cai em profusão.

Lumar (12/02/12)

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Minha Lua Negra

Minha boca no teu corpo:
Seio, pescoço, barriga, pernas...
Percorrendo cada centímetro de tua pele
para saciar minha fome de ti.

Minha língua dentro de ti, sugando teu gosto
te fazendo uivar, minha negra loba no cio.

Meu pau dentro de ti
em um vai e vem frenético
te inundando com meu prazer.

tua boca em mim.
Língua, saliva, boca e...
meu orgasmo em ti.

teu amor na minha vida.
Teu sexo junto ao meu..
Fazendo o que fazemos de melhor.
Minha Eros.


Marquinho Mota

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Tô vendo um mundo de ponta cabeça,
Tô tendo papos sem pé nem cabeça,
esperando que um milagre aconteça e
faça o mundo voltar ao normal.

Ou será que perdemos o eixo depois do tsunami?
Será que vendemos tudo agora e mudamos para Miami?
Será que vamos beber cachaça da bica na boca da cabaça?
o que quer que seja faça agora,
e nunca se cale para sempre.

Agora e nunca tenha pensamentos doentes.
Siga sempre em frente,
e quando der um passo atras,
que seja para tomar impulso.

Sinta seu pulso.
Faça seu pouso.
curta o repouso,
mas volte sempre por aqui.

Sinto que falta algo nesta taberna,
e não é cachaça da bica.

Marquinho Mota

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Movimento

Move o instante,
haste, punho,ponte.
Move, um passo adiante.
Vento que bate na janela,
move o segundo ponto.
Chuva que lava a terra,
move a semente, surge o broto.
Em movimento o tempo,
tudo vai ao longe...
Em tempo, move, move,
move o moinho, sopro.
Tempo que corre, moço.
Tempo que escorre, sofro.
Move o tempo, passo rente,
mente, move, mente.

Lumar (23/01/12)

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Altervendaval

Vento varrendo a madrugada,
folhas voando,
sonhos confusos,
barulho ensurdecedor.
Chuva lavando as ruas,
arrastando areia, pedra,
pau, pensamentos,
lavando a alma,
renovando sentimentos.
Vento de chuva na madrugada,
encharcando o passo,
atolando medos,
revivendo a luz do ser.

Lumar
Luz de lua
derramando prata no rio verde
beijo lunar.

Lumar(lua cheia jan/12)