segunda-feira, 31 de maio de 2010

Vassoura

Voei em espaços,
turbulências,
prateado raios de lua.
Voei,
pra ver teu sorriso,
sentir teu cheiro,
fazer sentido.
Voei,
e minha vassoura estacionou
em um lugar que eu não queria ir.
Voei,
e o que encontro????
Teu coração ocupado,
teu olhar direcionado para
um horizonte onde não estou.
Mas, valeu a pena.
Te tive por encantamento,
te tive em um momento,
te tive presente,
entre carinhos, gestos e palavras,
te tive enquanto estavas a dormir,
e te olhei assim,
por cima do lance,
pela perspectiva da não ansiedade,
pelo prisma da poesia,
da tua alma liberta,
da lua cheia embalando os sonhos,
da cerveja encharcando
a arma que não posso usar.
Voei,
e agora estou aqui.
Contigo e sem ti.
Lumar(29/05/10)

Para Neruda

Eu não te amo só por te amar.
Te amo porque meu amor é egoista,
porque preciso de ti para sobreviver.
Eu não te amo apenas porque estás aqui,
eu te amo porque mesmo longe
eu consigo me aproveitar da tua força vital.
Não te amo porque teu corpo quente me dá prazer,
te amo porque encontrei em ti
a fêmea perfeita para reproduzir a minha espécie.
Na verdade, eu não te amo.
Apenas te possuo, mas isso é muito bom.

Marquinho Mota

E?

Vá lá,
já cansei de procurar a bolsa que esqueceste ontem na minha casa.
Vá lá,
que eu não te quero mais aqui.
Vá e não olhe pra trás,
estátuas de sal estão a tua espera.
E o que te espera?
Retratos na parede,
bilhetes na porta,
sorrisos amarelos,
minha vida em convulsão?
Vá, a confusão que criaste
fez com que tudo que eu sentia pela manhã
se espalhasse pela casa.
E por mais que procures
eu não sou mais aquele retrato
que escondestes atrás da porta.
O tempo fez com que o
nosso amor ficasse amarelo.
Já nem sei mais das torrentes,
das correntes em meu pescoço,
do espaço entre a dor e o amor.
Já nem sei mais se tenho
a sorte de te possuir.
Já nem sei o norte,
das dores, os odores, os quereres,
o existir.....
Vá,
não olhe nunca as pegadas,
as marcas, as cores,
as horas que sonhamos,
as terras que marcamos,
o som que rimou,
o sol, a lua, a chuva,
tudo que iluminou.
Vá, e no dia que resolveres voltar,
eu não estarei mais aqui.

Marquinho Mota e Lumar

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Te quero agora mas você está longe.

Aguardo ansiosa pela noite que chega,

Te quero agora mas você está longe.

Penso...sinto sua carícia em minha pele,
sua boca em meu seio,
seu cheiro em mim...
queimando por dentro!

Te quero agora mas você está longe.

Onde sua mão me toca, ARDE,
onde sua boca me beija, QUEIMA,
onde sua língua brinca, LATEJA,

Te quero agora mas você está longe.

Chegue logo!
Ou morro ardendo de amor.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Visceral

A sensação que tenho ao olhar teus olhos

é a mesma de cair do décimoandar,

zunido no ouvido,

palpitação, falta de ar.

Tua marca continua cravada em minha alma, e

nem que eu me arraste, sangre até esvair,

nem que eu dilacere a carne,

tua marca continuará.

Não quero ser tua cura,

nem teu vício,

nem precipício.

Não quero ser teu exemplo,

nem teu ponto final.

Quero apenas estilhaçar segredos,

arrancar tua roupa, te encharcar de suor,

romper teus medos, te rasgar ao meio,

ser teu placebo.

Lumar (24/05/10)

Eu acho que tenho um...sentido.

Minhas mãos no escuro
usam teu corpo como vetor
a procura da tua alma.
Tentam encontrar respostas
para perguntas que ninguém quer responder.
Minhas mãos não falam braile,
minhas mãos não se calam,
minhas mãos e meus calos não sabem o que dizer
porque não conhecem as respostas
pelo menos até o amanhecer.
Minhas mãos não constroem mais
aquilo que teus olhos não enxergam,
minhas mãos não tocam os teus sonhos,
minhas mãos se tornam insanas.
Minhas mãos por mais difícil que seja
abrem uma cerveja e escrevem esse poema pra ti.
O meu tato ainda vai te levar ao teto,
e nesse momento o que é concreto vai se tornar abstrato
e minhas mãos já não produzem flores tão belas quanto antes.
Marquinho Mota

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Realidade paralela

( Para Thais)

Caminho em um tapete de folhas
sentindo cheiro de vida.
Energizo-me com a força vital dos elementos.
Vejo pelas frestas da dança dos galhos
a luz brilhante do céu.
A grande árvore é minha morada e
os sons da natureza embalam meus sonhos.
Sou parte disso tudo
e tudo isso vive em mim.

Lumar (19/05/10)

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Piegas

Mais difícil que fazer amor
em pé na rede,
é ter alguém por inteiro.

Lumar(14/05/10)

quinta-feira, 13 de maio de 2010

A fita


Não pensei, em nenhum momento,
que estava assistindo o filme da minha vida.
Quando descobri, quase por acaso,
que eu não era mais a protagonista.
Que meus demônios não passavam
de gnomos e duendes passeando no jardim.
Que os meus fantasmas eram apenas

os lençóis secando no varal.
Que os meus caminhos somavam-se
as trilhas sonoras dos vinis.
Que os meus sonhos estavam

embrulhados em celofane rosa,
e que os meus medos enlatados
entupiam meu espaço de ir e vir.
Fechei os olhos e vi a luz acender,
sem glamour, sem platéia, sem tapete vermelho.
Caminhei, olhei pra trás, e dei adeus....

Lumar (13/05/10)

Mas, o que é isso?

Imaginei ontem
que hoje seria diferente.
Imaginei ontem que o amanhã,
ah! o amanhã, seria tão bom
que não precisaríamos mais de telepatia,
bastava olhar e então seríamos
felizes como deliramos outrora.
Como é a primeira frase que eu falei antes?
Imaginar as vezes dói,
imaginar as vezes é estar à margem,
imaginar nem sempre é sonhar,
imaginar também é descobrir que os sonhos
se acabam do outro lado do telefone.
Dói muito imagem - ar.
Imaginar é um jogo,
sonhar é o jogo.
E aos 47 do segundo tempo
eu perdi voce dona certinha.
Imaginar talvez
me faça andar na linha.
Hoje a tua falta
me faz falta,
e esta falta é a morte do sonho
que ontem sonhei.
E enquanto eu dormia,
sonhava e imaginava o que acontecia
do outro lado da linha via Embratel.
Marquinho Mota

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Em gotas

Gotas de chuva,refrescam a noite,
como um beijo na carne crua.
Gotas de chuva,somam efeito,
do toque dos dedos na pele nua.
Lumar(06/05/10)

Não faz meu estilo.

Uma página em branco,
e as palavras fogem.
Meu corpo presente,
meu pensamento e atos, onde estão?
Tudo passa correndo, folhas, nuvem,luzes
e eu só nesse mundinho cão.
Quero teu espaço, teu traço,
tua cama de solteiro,
teu guarda roupa vazio de ilusão.
Nada faz sentido,
nem o ar que respiro e
nem meus passos em vão.
Me dá tua mão,
agora, nesse escuro que sinto.
Olha em meus olhos e vê tudo que persigo,
se estás tão sozinho, como eu,
comunhão.
Lumar(04/05/10)

Doce escravidão

Escrava do tempo,
do pensamento, do ser.
Escrava de sentimentos,
do muito que tenho,
do olhar que distrai,
do não mais vir.
Escrava que sou
do que não tenho,
do espaço que não componho,
do passo que não me leva em frente.
Escrava liberta
que não tem livre arbitrio,
que não tem reflexo no espelho,
nem sombra no rio que deságua.
Escrava sem senzala,
sem corrente, sem algema, sem tempo.
Escrava do senso,
escrava por não poder,
escrava por te querer.
Lumar(06/05/10)