sábado, 2 de junho de 2012

Amanhecer

Os amanhãs não são iguais a nada!
Ao todo, ao tudo, ao toldo que
te acompanha no teu dia a dia.
Deslizam palavras num espaço branco,
diante da visão em preto e branco no meu quarto escuro.
Deslizam sons na soturna noite,
sem pensamentos esparsos ou espaços sem medo.
Deslizam manhãs num arco-íris sem fundo.
Deslizam milhões de pétalas num redemoinho confuso.
Divago ao todo, ao tudo, à soldo.
Desmancho ao toque estranho do existir.

Marquinho Mota e Lumar.
Agora é muito tarde para tentar
perceber qualquer coisa.
Agora é muito tarde!

Tarde demais porque no mais,
o cedo não cede as pressões
que o tempo impõe sobre os viventes.

Não cede as pressões de nós... sobreviventes.

E sobre viventes e morrentes, te digo:
Que agora é muito tarde
para tentar perceber qualquer coisa.

Marquinho Mota

Empreste

Faça um empréstimo para mudar sua vida.
Empreste um pouco de sabedoria de uma criança etíope.
Peça licença, e pegue uma porção de solidariedade das mãos de um indígena,
junte aquele bocado de sensibilidade que
recebestes de uma das "mães da Plaza de Maio".
Misture o amor que brota espontaneamente do sorriso de um griô.
Deixe a porção apurar por um breve pedaço de tempo...
E depois, devolva tudo em dobro para o planeta.
A existência agradece!

Marquinho Mota

Grande rio grande

O Tapajós faminto, lívido, insolente,
no momento solene de engolir a Tapajós.
Os barcos no mesmo nível dos carros,
o passar devagar das rabetas,
linha tênue do transbordar,
na mesma linha do transpor,
de se impor no terreno alheio....
E esse rio sem rumo,
e nós no rumo, sem remo.
Poder das águas, lavando as ruas,
lambendo os pés, levando as tralhas.
Rio que revela o brilho da lua,
das estranhas luas de Lucia Flor de Lis.

Lumar e Marquinho