terça-feira, 31 de agosto de 2010

O papagaio e o menino

Serpenteando o azul do céu,

o papagaio vai subindo, dançando,

ao sabor do vento, rumo ao infinito

usufruindo de sua liberdade.


Ligado à terra pela mão de um menino.

Mãos que prendem e soltam,

em movimentos sincronizados

de precisão e prazer.


Na cabeça sonhos, desejos,

vontade de voar junto,

certeza de ser livre

no mundo do imaginário.


Os olhos perdidos no horizonte,

procurando laços, desfazendo rastros,

escancarando sorrisos, “shinou”,

a vitória do menino ao pôr do sol.


Lumar (30/08/10)

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Lua de quintal

Da janela, o cajueiro prateado de lua,

sombreia a noite, margeia a vida,

embala sonhos, une ideais.


Da janela, o quintal,

com cheiro de infância,

com galhos balanços,

com flores cristais.


Da janela, o mundo,

escancaradamente avassalador,

enluarado e místico.


Da janela, o olhar escorrega na noite,

vasculhando, estreitando, descobrindo,

gravando na retina ,

o mundo do quintal prateado pela lua.

Lumar(24/08/10)

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Flor de maracujá

Estou um misto de dor e saudade.
Preciso ver o mar, sentir o cheiro de liberdade.
Preciso ver o infinito se perder de vista,

preciso de palavras amenas e atitudes intempestivas,

preciso perder o fôlego, preciso me afundar no amor.
Preciso descobrir teu corpo, saciar minha fome e

beber teu sumo de vida.
Preciso respirar sonhos, preciso precisar de ti.
Preciso tanto....
De massagem, de carinho, de tropeços...
De chegada, de beijinhos, de começos..
De segredos ao pé do ouvido.

De dedos carregados de eletricidade,

de abraços de tamanduá.

Estou um misto de endoidecer.

Lumar (18/08/10)

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

4.9 turbo

Conto as contas do colar da minha vida,
pequenas peças de vidro, de cristal,
de conchas, de pedras preciosas.
Conto os contos do estranho
que se apossou de meu redor.
No varal, colorido pelas roupas secando ao sol,
à mostra da realidade, do cotidiano tedioso,
do rico dia a dia no feixe do inesperado.
Somo sonhos, divido tristezas,
multiplico amigos, diminuo mágoas.
Conto minha história
na trilha sonora dos sons do coração.
Meu, teu ,todos, coração em batuque,
brindando o viver!
Lumar (07/08/10)

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Submissa

De que adianta
o lençol cheirando a lavanda,
a flor esparramando no vaso,
a fresta de lua invadindo o quarto,
o desejo incrustado nas entranhas,
voce não está aqui.
De nada adiantou...
Nem súplicas, nem chantagens,
nem os beijinhos salpicados em seu pescoço,
nem meus suspiros ao telefone,
nem minha voz rouca em seu ouvido,
nem minhas palavras enfeitadas de tesão, nada.
Então, de que adianta,
eu dizer:"Quero","sim","amo",
se voce é surdo.
De que adianta
eu me fazer de espera
se voce não enxerga.
De que adianta
eu me rasgar inteira,
me despir de pudor,
me expor em praça pública
se publicamente não fazes nada
para ter meu amor????
Nada adianta, nada adiantou...
Lumar (02/08/10)

Terceiro elemento

Ontem te vi refletido na vidraça,
estranho sentimento de ausência.
Sorrias, embora teu semblante fosse triste,
tão distante quanto a lua que vadia no céu,
tão efêmero, inacessível, improvável.
Tua imagem fantasmagórica
me deu arrepios.
Não quero lembranças mórbidas,
nem quero sentimentos dúbios.
Não quero presente passado,
nem amores escusos.
Fechei os olhos para deixar de te ver,
tirei tua imagem refletida na janela,
apaguei tuas mensagens,
e decidi:
Se não for para ter inteiro,
não quero a metade do teu pão.
Lumar(03/08/10)



Bordando sentimentos

Talvez eu seja louca, estranha, complexa,

pego as letras das minhas palavras,

a emoção a cada dia vivida,

o choro dos amores perdidos,

a esperança por eles deixada,

o sol que brilha em meus olhos,

o infinito do tudo querer, e

tento bordar no espaço

com a linha tênue dos sentimentos

o meu louco viver

Lumar (04/08/10)